terça-feira, 29 de novembro de 2011

EGÍPCIOS COMEÇAM A VOTAR PELA 1º VEZ

Cairo, 28 (AE) - Os egípcios começaram a votar na manhã desta segunda-feira na primeira eleição desde a queda do ditador Hosni Mubarak, deposto em fevereiro em um dos momentos mais importantes dos protestos da chamada Primavera Árabe. A Irmandade Muçulmana, maior e mais bem organizado grupo do Egito, prevê conquistar de 40% a 50% dos assentos do Parlamento.
Na escola Omar Makram, em um bairro da classe trabalhadora no centro Cairo, Shubra, homens e mulheres estavam em filas separadas antes da abertura das urnas, às 8 horas. "Não era normal votar antes, nossas vozes eram completamente irrelevantes", disse Mona Abdel Moneim, uma das várias mulheres que votavam pela primeira vez na vida. Durante anos, poucos egípcios participaram dos pleitos, pois todas as eleições eram fraudadas pelo partido governista.
Na manhã desta segunda-feira, alguns milhares de manifestantes estavam na Praça Tahrir protestando por um governo civil. A junta militar no poder seguiu com o cronograma eleitoral, apesar dos protestos.
A eleição que começou nesta segunda-feira é para eleger os 498 representantes da Assembleia do Povo, a Câmara Baixa. Ela ocorrerá em três estágios, com diferentes regiões do país votando em cada momento. A votação desta segunda-feira ocorre em nove províncias, onde vivem 24 milhões de egípcios. A população total do país é de 85 milhões. Entre as áreas que votam nesta segunda-feira estão Cairo e Alexandria, segunda maior cidade do país. A eleição para a Câmara Baixa termina em janeiro. O processo eleitoral então recomeçará, para a escolha da Câmara Alta, com 390 membros, também em três estágios, com fim previsto para março.
O pleito vai ser um forte indicador de para qual lado o Egito está se movendo: islamismo ou secularismo. A Irmandade Muçulmana deve dominar a eleição, embora muitos liberais, esquerdistas, cristãos e muçulmanos que se opõem a misturar religião e política vão votar em peso para impedi-la de vencer ou para reduzir a vitória dela. Eles temem que a Irmandade tente uma visão rígida do islamismo como a lei do país.
Também pesa forte na mente dos eleitores se esta eleição pode de fato definir o caminho do Egito em direção à democracia, enquanto o país ainda está sob o regime militar. Apenas dez dias antes das eleições, grandes protestos eclodiram em todo o país exigindo a entrega do poder imediata para uma autoridade civil. Outra preocupação é de que o novo Parlamento tenha pouca relevância, já que os militares estão limitando seu poder.